OSSs, governança e valor em saúde

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OSSs, governança e valor em saúde

Qualidade, governança e sustentabilidade financeira na saúde deixaram de ser assuntos internos e passaram a ser temas de interesse público.

Quem usa o sistema percebe, no tempo de espera e na segurança da assistência, se a gestão está funcionando ou não.

Por isso, a agenda do setor precisa ser explicada de forma clara, com critérios de prioridade, responsabilidades bem definidas e resultados que façam sentido para o cidadão.

Esse compromisso encontra forma institucional no modelo das Organizações Sociais de Saúde.

O contrato de gestão funciona como um pacto com a sociedade, com metas relevantes, indicadores úteis para orientar decisões e mecanismos de avaliação que permitem ajustar rotas quando o contexto muda.

Trata-se de uma combinação de flexibilidade gerencial com responsabilidade pública, o que implica fazer escolhas com fundamento, explicar essas escolhas e aprender com elas, sempre com foco no valor entregue ao paciente e ao território.

Nessa perspectiva, a experiência da Santa Casa de Misericórdia de Chavantes ilustra maturidade e direção.

A acreditação ONA e a certificação internacional ACSA não representam apenas reconhecimento externo e sim rotina de melhoria contínua, com protocolos vivos e equipes que discutem risco de forma objetiva.

Quando qualidade se torna estratégia e não decoração, a prática muda, as decisões se apoiam em evidências confiáveis e a cultura organiza o cuidado em torno do paciente.

O Grupo Chavantes, na condição de OSS, administra projetos em diferentes regiões e realidades.

E essa escala não significa padronização cega e sim método replicável com respeito à especificidade local.

Onde há redes integradas, os fluxos se aproximam. Onde existem lacunas, constroem-se pontes entre atenção básica, regulação e hospital.

Manter a sustentabilidade é um desafio permanente. O equilíbrio entre receitas contratadas e custos assistenciais convive com pressão inflacionária, necessidade de renovação tecnológica e cuidados com as pessoas que sustentam o serviço.

Planejamento e disciplina financeira reduzem volatilidade.

Gestão de riscos e governança de compras e estoques mitigam desabastecimentos e oscilações de preço.

Investimentos em tecnologia se justificam quando se conectam a metas de qualidade e produtividade.

Valorização e desenvolvimento de equipes pavimentam ganhos de eficiência e evitam custos que não agregam valor.

Outra dimensão decisiva é a força das parcerias. Integração com a atenção primária, cooperação com universidades e escolas técnicas, fornecedores comprometidos com padrões de qualidade e programas de educação permanente formam um ecossistema que compartilha responsabilidades.

Quando essa rede atua de forma coordenada, o hospital antecipa demandas, difunde boas práticas e acelera soluções.

Princípios que orientam o nosso trabalho e que podem orientar o setor permanecem claros.

Há necessidade de definir prioridades que organizem a ação de todos.

O uso de dados deve servir à clínica e à operação e não apenas ao cumprimento de relatórios.

A liderança precisa instituir rituais de comunicação que deem previsibilidade e coerência às decisões.

Integridade e prestação de contas sustentam a confiança pública.

Cuidado com as equipes mantém a segurança do paciente e a continuidade do cuidado.

Seguimos com uma bússola que combina qualidade como estratégia, governança que comunica e sustentabilidade orientada a valor.

Assim entendemos o papel das OSSs, protagonistas de uma gestão eficiente, transparente e comprometida com resultados percebidos no dia a dia do cidadão.

 

*Leticia Bellotto, presidente do Grupo Chavantes e advogada especialista em Terceiro Setor.